Em um mundo no qual a competição se torna cada vez mais acirrada, as empresas têm buscado na inovação uma forma de crescer, sem prejudicar seus lucros.

Diz a sabedoria popular que a “necessidade é a mãe das grandes causas”. No que se refere à sustentabilidade empresarial, é possível afirmar que essa expressão faz todo sentido. Isso porque, numa época em que a competitividade é cada vez mais acirrada e as margens de ganhos diminuem, leva vantagem quem consegue fazer mais, com menos. É nessa hora que a tecnologia se torna uma grande aliada. Foi nisso que apostou a VLI, que nasceu como braço logístico da Vale e hoje opera de forma independente. Para fazer rodar suas locomotivas e vagões, a empresa precisa de trilhos que ficam apoiados sobre dormentes de madeira ou de concreto, dois materiais que causam um impacto tremendo ao meio ambiente, sem contar sua diminuta vida útil.

A solução encontrada foi a busca de novos materiais, como o plástico reciclado, produzido a partir de embalagens pós-consumo e resina PEAD. “Sob qualquer ponto de vista, o plástico é uma alternativa mais interessante do que qualquer outro material”, afirma Rodrigo Ruggiero, diretor de planejamento e operações de ferrovias da VLI. O custo dos dormentes de plástico é 50% menor que o de concreto e sua duração é maior, de até 30 anos. A VLI não é a única que investe na tecnologia e na inovação para ampliar sua vantagem competitiva. A Itaipu Binacional também faz parte do grupo.

Através de parcerias com empresas de diferentes perfis, desde gigantes, como a italiana Fiat, com a qual criou veículos elétricos, até startups , como a ACS, de São José dos Campos, fabricante de aeronaves de pequeno porte. Juntas elas desenvolveram o primeiro avião monomotor movido a energia elétrica. A aeronave 100% made in Brazil já fez alguns voos experimentais e está em fase de homologação. A lógica por trás destas associações é relativamente simples: quanto mais demanda de energia, melhor para o futuro da Itaipu. E se essa energia for usada de forma sustentável, a equação é ainda mais positiva. É igualmente a energia sustentável que move as ambições da paulista Anauger, a maior fabricante de bombas de sucção da América do Sul.

Para chegar ao patamar atual de faturamento anual de R$ 100 milhões, a empresa sempre se apoiou na tecnologia. Primeiro, com a criação da bomba-sapo para poços artesianos de baixa vazão. Agora, seu foco se volta a equipamentos movidos a energia solar, cujo desenvolvimento começou em 1990, quando essa modalidade ainda era considerada exótica. “Nosso objetivo foi criar uma opção capaz de atender as necessidades de comunidade isoladas com um produto inovador”, afirma Marco Aurélio Gimenez, diretor comercial da Anauger. Hoje, a Anauger colhe os frutos de uma empreitada que consumiu US$ 1 milhão. A bomba solar representa 5% de suas vendas e está em curso o projeto para fabricar versões de grande porte para atender empresas do agronegócio.

A tecnologia também se tornou uma grande aliada de empreendedores que miram na solução de problemas sistêmicos, com um enorme potencial de fazer estragos como a crise hídrica que afeta os Estados do Sudeste, em especial São Paulo. Quem embarcou nessa onda foi a startup paulistana Enercycle, que bolou um sistema de chuveiro que recupera parte do calor dissipado durante o banho. “Nossa preocupação era fazer a reciclagem dessa energia, devolvendo o calor para a água”, diz Fernando Augusto Purchio Brucoli, sócio da inventora do sistema de banho CycleDrain.

 

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